VEREDAS, Revista do 
Centro Cultural do Brasil
Ano 1 Nº9 Set 96

Projeto Observatório Cibernético

(parte2)

Geografia pitoresca - será possível ainda entrar em alguns lugares, os hotspots. o que permitirá, por exemplo, visitar sítios arquitetônicos e arqueológicos especiais. Informações visuais e sonoras sobre os sítios poderão .ser solicitadas, assim como filmes, que darão ao espectador a impressão de assistir ao desevolvimento urbano do Rio de Janeiro. Numa versão mais avançada do Visorama, a viagem virtual incluirá diálogos com personagens históricos imagens de movimento nas ruas e festas típicas.

A escolha do Corcovado como ponto de observação está amparada na possibilidade de visualizar uma geografia tão pitoresca quanto a do Rio de Janeiro. A paisagem do futuro será idealizada por paisagistas e urbanistas, mas o passado poderá ser recriado a partir de uma pesquisa iconográfica, de fotografias, pinturas e mapas. que revelam a história da evolução urbana do Rio de Janeiro. O Visorama poderá mostrar a cidade tal como era sem o Aterro do Flamengo, a praia de Copacabana quase deserta e a velha avenida Central, hoje Rio Branco.

O Visorama difere de outros sistemas de simulação por proporcionar ao espectador uma visão do espaço onde ele se encontra associando realidade virtual a procedimentos de multimídia. A observação se faz através de um visor estereoscópico, que contém um sistema ótico acoplado a dois monitores. Este visor, instalado sobre uma base de suporte com cabeça rotativa, tem seus movimentos transmitidos por uma unidade de controle para um sistema de geração de imagem. O espectaclor se move no tempo e no espaço. A comunhão de realidade virlual com multimídia permite que ele passe naturalmente de uma fotografia para uma imagem de síntese e desta para um filme.

Sentimento estético - O projeto do Visorama inclui uma pesquisa sobre a arte da paisagem. Observada a distância, a paisagem inspira o homem à arte, à vontade de retratá-la. Esta atitude se manifesta de maneira definitiva no Renascimento, quando o pintor é tomado de um sentimento estético que brota na contemplação da paisagem. É este mesmo sentimento estético que, nos dias de hoje, suscita o comentário "parece um quadro" diante de uma vista panorâmica.

Ao longo de sua história, o homem procura saciar essa vontade de imitar o mundo de formas diversas. A partir do final do século 18, surge uma verdadeira linhagem de dispositivos imagéticos, iniciada com a invenção do panorama, sucedido pelo cinerama, sensorama (Leia texto "Antecessores do Visorama") e nos dias de hoje, pelos modernos sistemas de realidade virtual A diferença entre o Visorama e todos esses outros dispositivos está na possibilidade de uma interação sem ambientes constritivos, como salas de projeção, cabines e capacetes.

As imagens observadas no Visorama são capturadas no espaço real através de fotografias digitalizadas processadas e geradas em estações gráficas. O telescópio virtual se vale de um conjunto de softwares entre eles o Quick Time VR lançado pela Apple. Trata-se de uma nova tecnologia que em vez de partir de modelos de visualização para criar imagens, cria um processo de visualização a partir das próprias imagens. Assim, fotografias de partes de um ambiente dão a idéia perfeita do ambiente complelo quando dispostas sequencialmente, formando um panorama tridimensional sem descontinuidade.

Na tentativa de simular a relação entre o espectador e o ambiente real, esta nova tecnologia produz uma distorção das imagens quando o ohservador se movimenta, como se o espaço fosse visto por uma lente de distância focal variável, uma zoom, o quc exige dos pesquisadores do Impa a investigação de novas técnicas de computação gráfica para o telescópio virtual.

Em processo de patenteamento nos Estados Unidos, o Visorama conta com verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio deJaneiro (Faperj) da Fundação José Bonifácio (UFRJ) e aguarda liberação de recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Os idealizadores do telescópio virtual apostam na potencialidade de seu uso. É prevista uma versão em CD-Rom, instalação de observatórios para ensino de história, geografia e ainda instalações artísticas virtuais em interação com a paisagem da cidade. Assim, imagens virtuais, estarão flutando sobre o Rio, em pontos estratégicos, para despertar e saciar a curiosidade de observar a realidade com olhos voltados para o futuro, mas sem perder a referência do passado.

continuação


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